25 de mar. de 2009

Indicador do algodão registra menor valor real do histórico cepea

O mercado interno de algodão em pluma vem sendo fortemente atingindo pela crise financeira mundial.
O Indicador CEPEA/ESALQ tem registrado os menores patamares em termos reais da série do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, iniciada em junho de 1996 (valores deflacionados pelo IGP-DI de fevereiro/09). Em termos nominais, o Indicador é o menor desde dezembro de 2005.
Entre 17 e 24 de março, o Indicador CEPEA/ESALQ do algodão em pluma – 8 dias para pagamento – teve queda de 1%, fechando a R$ 1,1163/lp na terça-feira, 24. No acumulado deste mês (até o dia 24) o Indicador já caiu 3,14%. De acordo com pesquisas do Cepea, os preços continuam recuando por conta da baixa demanda e da oferta por parte de produtores que necessitam “fazer caixa”...

Segundo a Secex, em janeiro/09, as exportações da pluma totalizaram 46,2 mil toneladas, 22,9% a menos que em dezembro/08 e queda de 11,7% sobre jan/08. Em fevereiro/09, 44,2 mil toneladas da pluma foram embarcadas, volume 4,3% inferior ao de janeiro/09, mas 20,7% superior ao de fevereiro/08.

As vendas externas da cadeia têxtil, que apresentaram baixas entre novembro/08 e janeiro/09, se recuperaram ligeiramente em fevereiro/09, segundo dados da Secex. No caso das importações, tanto o volume quanto o valor estiveram menores nos últimos meses (desde setembro/08), contribuindo para diminuir o déficit da cadeia. De set/08 a fev/09, o déficit da cadeia soma US$ 486,34 milhões, menor que os US$ 879,95 milhões dos seis meses anteriores (mar/08 a ago/08), mas ainda acima do observado entre set/07 e fev/08, de US$ 370,84 milhões.

Em valores, a balança comercial têxtil só é superavitária nas transações de fibras, que em fev/09 representaram 44,7% do valor das exportações totais da cadeia. Além disso, os grupos de pluma de algodão e linhas de costura (0,5% do valor das exportações têxteis brasileiras) também foram superavitários em fev/09. Já os demais grupos, como confecções, filamentos, fios, tecidos e outras manufaturas permanecem deficitários.

Agentes consultados pelo Cepea afirmam que o cenário atual não é favorável nem a vendedores nem a compradores da cadeia têxtil, visto que as margens estão baixas e/ou negativas para os diversos segmentos. Do lado agrícola, produtores precisam buscar melhor gerenciamento dos negócios e redução nos custos de produção através, por exemplo, de estratégias de compras e vendas coletivas. Paralelamente, produtores têm contado com o apoio do governo para manter a rentabilidade.

Nesse último caso, o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) anunciou ajuda ao produtor na semana passada, por meio dos leilões de Pepro – o setor já esperava por esta intervenção, visto que o apoio já havia sido anunciado no Plano Agrícola 2008/09. Se isso ocorrer, será o quarto ano-safra seguido de apoio governamental ao setor. Esses recursos visam a equilibrar a receita com o preço mínimo governamental, atualmente em R$ 1,3487/lp. Espera-se que, novamente, mais de um milhão de toneladas sejam atreladas ao Pepro para vendas nos mercados interno e externo.

Quanto às negociações da pluma, nos últimos dias, poucos compradores estiveram ativos, os quais adquiriram lotes apenas “da mão para a boca” e buscaram maiores prazos de pagamento, segundo informações do Cepea. Algumas indústrias estiveram no mercado buscando a pluma de tipos finos – 31-4 para melhor –, mas poucas obtiveram sucesso nas negociações a “preços baixos”, devido à menor disponibilidade do produto.

Comerciantes com necessidade de compra para o cumprimento de contratos antecipados também encontraram dificuldades nas negociações junto a produtores, já que parte desses agentes demonstra resistência aos preços ofertados. Esses compradores só tiveram sucesso nas negociações quando não envolviam produto com os testes de HVI.


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