Segundo os dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) com base da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) de janeiro a março deste ano o setor faturou US$ 384,6 milhões ao embarcar 40,7 milhões de pares, o que significou um declínio de 26% nas divisas e de 24,8% na quantidade de pares exportados. Ao mesmo tempo, a importação manteve a trajetória de crescimento que vem preocupando os empresários. No trimestre, o Brasil comprou 13,1 milhões de pares, somando US$ 109,9 milhões, gerando um aumento de 45,3% no pagamento e de 15,6% no volume físico. “É o reflexo da entrada desenfreada de calçados procedentes da Ásia, principalmente da China. Ao mesmo tempo em que perdemos mercado no exterior, deixamos em aberto nosso mercado interno para a desova dos excedentes de estoque s que estão “boiando” no mundo”, aponta Milton Cardoso, presidente da Abicalçados. O preço médio do calçado importado no trimestre foi de US$ 6,67, enquanto o preço médio do par exportado pelo Brasil foi de US$ 9,43. Segundo ele, o efeito mais nocivo desta disparidade é a diminuição no volume de empregos. Conforme a Pesquisa Industrial Mensal Emprego e Salário do IBGE, referente ao mês de fevereiro de 2009, o índice de pessoal ocupado assalariado na produção de calçados e couro apresentou, no comparativo a igual mês do ano anterior, uma redução de 9,56%. No acumulado dos últimos doze meses, a queda foi de 8,64%. “E isto não precisaria ser assim”, pondera o dirigente. Segundo ele, o mercado interno tem resistido bastante à crise mundial e a indústria poderia estar, pelo menos, mantendo o n& uacute;mero de empregos caso as importações predatórias fossem impedidas pelo Governo. “A Abicalçados vem reiterando a urgência e a relevância de se adotar medidas de emergência que possam estancar este surto de importações e seus danos sobre a indústria e o emprego no Brasil”, diz.
Estados exportam menos - A redução dos embarques refletiu-se também nos Estados. Com exceção da Paraíba, todos registraram desempenho negativo. O Rio Grande do Sul, maior exportador de calçados do país em faturamento, embarcou 10,7 milhões de pares, 39,6% a menos em comparação ao mesmo período de 2008, quando exportou 17,8 milhões de pares. O faturamento recuou e os gaúchos receberam US$ 212,2 milhões, 34,3% a menos.
O Ceará, atualmente o principal exportador em volume de pares, apresentou um declínio de 19,5% no volume e embarcou 18 milhoes de pares. No trimestre de 2008, os cearenses haviam colocado no exterior 22,4 milhões. O faturamento reduziu 6,19% e as empresas exportadoras do Ceará arrecadaram US$ 87,7 milhões.
Neste trimestre, os paulistas exportaram 1,77 milhão de pares, obtendo divisas na ordem de US$ 28,4 milhões. A queda foi de 35,66% no volume e de 35,77% no faturamento.
A Paraíba foi o único Estado a apontar crescimento nos embarques e no faturamento. Os paraibanos exportaram 6,5 milhões de pares, um aumento de 22,71% sobre o trimestre de 2008. O faturamento também ficou positivo e encerrou o período com 26,6% a mais, obtendo divisas de US$ 22,8 milhões.
ASCom Abicalçados
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