16 de abr. de 2009

Gerdau e Steinbruch pedem medidas contra importações

Um dos maiores produtores e exportadores de aço do mundo, com sua empresa presente em 14 países, o controlador do grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter, fez um apelo ontem para que o governo federal adote medidas de proteção à indústria siderúrgica nacional. Gerdau quer o estabelecimento de barreiras contra a entrada de aço estrangeiro no país.

"No Brasil, os mecanismos de proteção hoje são zero e no mundo inteiro se pratica em torno de 12% de alíquota. A opção por mecanismos antidumping é morosa, pode levar doze a dezoito meses e temos que preservar nosso mercado", afirmou o empresário.

De acordo com Gerdau, "o nível histórico de importação no Brasil é de 2% e agora está atingindo 15% do mercado nacional". O empresário afirmou que há grande quantidade de estoques de material siderúrgico no mundo e a crise econômica global desequilibrou o mercado. "O desespero no mercado internacional pode trazer o preço do aço a um nível aviltado e o mercado doméstico precisa ser preservado através de medidas de incentivo ao consumo e ao investimento e a adoção de medidas contra as importações predatórias".

O empresário disse que a retomada de encomendas no setor siderúrgico ainda não permite falar em recuperação dessa indústria. "Há um crescimento de vendas mês a mês, mas a queda de produção ainda é a característica deste momento, exatamente em função do alto nível de estoques".

A circunstância faz com que a empresa ainda mantenha investimentos congelados. A unidade de laminação de chapa grossa da subsidiária Açominas, em Ouro Branco (MG), anunciada há alguns meses, aguarda melhores dias. Trata-se de projeto para fazer quase 900 mil toneladas/ano, com investimento além de US$ 400 milhões.

"Poucos setores caíram tanto de atividade como o naval, que é o foco deste investimento. O frete médio naval da tonelada embarcada caiu de US$ 100 para apenas US$ 7, em razão da crise. Estamos com todo o projeto pronto, mas parado para analisarmos como irá evoluir a demanda", observou o empresário.

Jorge Gerdau participou ontem de um seminário organizado pelo governo de Minas Gerais e pela Assembleia Legislativa mineira sobre a crise econômica global. Durante a sua apresentação, Gerdau reclamou da "situação medieval" que sua empresa enfrenta em razão da carga tributária do setor. Afirmou que recolheu de maneira antecipada R$ 350 milhões em pagamentos de impostos sobre um investimento realizado pela Açominas. "Temos que atingir custo zero em impostos sobre exportação e sobre o capital imobilizado", disse.

Benjamin Steinbruch, presidente da Cia. Siderúrgica Nacional (CSN) também defende medidas de proteção diante do atual cenário crise mundial. "Nesse momento de desequilíbrio mundial, em que oferta é superior à procura, é preciso proteger todos os setores de importações para poder garantir o mercado interno e assegurar empregos", disse ao Valor. O empresário afirmou que essa situação deixa o país suscetível à entrada excessiva de produtos externos, o que significa perda imediata de mercado para fabricantes locais e empregos.

Atualmente, o Brasil tem mais de dez produtos de aços planos com alíquota zerada desde 2005, quando o imposto era de 14%.

Steinbruch destacou ainda que é obrigação do governo proteger os 23 milhões de novos consumidores introduzidos na economia nos últimos anos e os 43 milhões de assistidos que ganharam condições de acesso a bens pela primeira vez, como geladeira. "O aumento do emprego no país e do mercado interno é o Lula (presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva) fez de melhor", afirmou. (Colaborou Ivo Ribeiro, de São Paulo).
fonte: Valor Econômico

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