5 de abr. de 2009

O futuro certo de um presente incerto.

Muitos jovens, que estão hoje em seu segundo ou terceiro ano de Comércio Exterior, devem estar perguntando, se fizeram a escolha certa, diante de um cenário tão incerto. O que eu posso afirmar é que o cenário é incerto não só para o Comércio Exterior, mas, para muitas outras áreas. Acontece que, normalmente, só prestamos atenção aos assuntos que estão relacionados à área em que estamos envolvidos. Mas, a preocupação é geral. Seja na área financeira, da construção civil, do direito, da medicina enfim, como somos engrenagens de uma grande máquina, quando está máquina gira em ritmo mais lento, todos sofremos, e não apenas determinada área. Alguns mais, outros menos. Sendo assim, minha resposta, àqueles que ainda estão em dúvida, é que não fizeram a escolha errada, primeiro porque esta foi a escolha de vocês. Ninguém os coagiu a tomar esta decisão. Pelo menos, acredito que nenhum pai ou mãe tenham ameaçado algum aluno de morte, caso ele não cursasse Comércio Exterior... O que acontece é que o momentum da decisão certa coincidiu com um momentum incerto da economia, mas, isso não é motivo para arrependimento. Aqueles que souberam ultrapassar este obstáculo, sem sombra de dúvidas, serão profissionais altamente valorizados no futuro. Afinal, quem sobrevive à crise, tira de letra qualquer outra situação. Por isso mesmo vou tratar de um assunto que pode, futuramente, representar novas opções de empregos. Com o aumento expressivo no volume das importações nos últimos anos, muitas empresas se viram em verdadeiros “papos de aranha”, pois, da noite para o dia, precisaram se envolver em uma área a qual, não era o seu “core business” ou, como é mais conhecida, sua atividade-fim. Vou dar um exemplo, imaginemos uma empresa que monta determinado equipamento com componentes importados. É mais do que natural, entendermos que a importação destes componentes é uma atividade-meio dentro de todo o processo, assim como a montagem do equipamento. O “core business” da empresa não é nem importar e nem montar equipamentos, mas, é o de oferecer o melhor equipamento e serviço, dentro de sua especialização, para o mercado. Entretanto, a empresa se vê obrigada a montar uma estrutura de importação, com custos fixos elevados (viagens ao exterior, comunicação, salários) para poder atender a sua demanda interna. Com o surgimento da importação por conta e ordem, muitas empresas optaram por migrar para a terceirização, transferindo as responsabilidades do processo para uma empresa cujo “core business” é importar. Desta maneira, após uma análise na relação custos versus benefícios, muitas destas empresas concluíram que sua rentabilidade poderia ser maior, quando da diluição dos custos de terceirização em seu custo final, do que aquela obtida na mesma relação com custos próprios. Outra vantagem é que a empresa ficava mais livre para focar e potencializar suas ações estratégicas em sua atividade-fim. Por outro lado, a empresa que presta o serviço de importação por conta e ordem consegue otimizar os seus custos e maximizar os seus ganhos graças à economia de escala que obtém de vários processos. É claro que ainda hoje, as empresas que operam as importações por conta e ordem, limitam-se a operacionalização do processo focando suas atividades nas áreas administrativas (documentos) e, logística (transporte). Entretanto, o que é um limitador hoje, pode ser a chave que abrirá uma porta muito promissora, caso o prestador de serviços amplie o seu portfólio de produtos e enverede pelos caminhos do “global sourcing”. Ao invés de ficar limitado às operações logísticas do processo, a terceirizada poderá atuar como uma desenvolvedora de fornecedores no exterior para estes seus mesmos clientes no Brasil, assumindo de vez, toda a área internacional do negócio. Aqui também, o ganho com a economia de escala é patente, já que um mesmo fornecedor pode abastecer vários clientes ao mesmo tempo. Desta forma, um pedido que antes iria apenas a um cliente, pode ser multiplicado por vários containers e, seguindo uma regra básica do mercado quanto maior o pedido, melhor deve ser o preço. O “modus faciendi” da operação demanda um estudo mais aprofundado, já que muitas empresas tendem a preferir um atendimento mais exclusivo. De qualquer maneira, trata-se de uma oportunidade que deve ser avaliada, principalmente em momentos de crise, quando muitas empresas buscam as mais diversas formas de reduzir os seus custos. O sistema de “global sourcing” já existe em muitas grandes corporações que importam muitos componentes em grandes quantidades e variedade, por isso, se justifica a manutenção de um departamento exclusivo para o processo. Grosso modo, não se trata de nenhuma novidade, a comercial exportadora estará atuando como agente de vendas de fornecedores externos no Brasil. Mas, com a roupagem nova que o mercado demanda, ela agora passará a desenvolver o processo a partir de seus clientes locais e atuará sempre em bases de pedidos programados os quais, estarão em sintonia com a programação de compras das empresas. Por isso, os seus radares precisarão monitorar não apenas os potenciais fornecedores, mas, deverão acompanhar minuciosamente o desenvolvimento dos negócios locais, e isso, só se consegue com a formação de uma parceria sólida com as duas partes. Quanto ao mesmo processo ser aplicado nas operações de exportação, acho ainda prematuro transferir todo o negócio para uma empresa terceirizada. É claro que existem exceções, mas, ainda acredito que uma ação conjunta, exportações diretas e indiretas, pode resultar muito mais frutífera. Mas, sabemos que o mundo dos negócios é extremamente dinâmico e, não podemos afirmar que uma prática válida hoje, continuará válida daqui alguns anos. Entre os pontos contrários a esta total transferência é a necessidade da especialização e o percentual de faturamento, já que ao mesmo tempo em que muitas comerciais exportadoras trabalham com uma gama muito grande de produtos, não se especializando profundamente em todos eles, ela precisa desta grande variedade, pois o seu ganho está na quantidade e na diversificação. Como escrevi anteriormente, existem exceções, mas, via de regra, é assim que funciona o mercado. De qualquer maneira, ressalto que é o dinamismo do mercado quem determinará as futuras regras, diretamente ligado à necessidade de redução de custos, por isso, é provável que estejamos sendo “empurrados” para um novo horizonte exportador, o da especialização terceirizada. E, se por um lado, este novo processo pode representar desemprego direto na indústria, por outro, significa emprego direto no setor de prestação de serviços. Seja de uma forma ou de outra esta, assim como, milhares de outras idéias, surgirão como uma forma natural de tentarmos encontrar luzes no final do túnel.




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