25 de mar. de 2009

Empresas de Jaraguá do Sul investem em projetos sociais

Brasília - Os empresários de Jaraguá do Sul (SC) não costumam esperar pela boa vontade do Estado para fazer o que consideram ser necessário para melhorar a qualidade de vida do município e para o bom funcionamento de seus negócios. Prova disso é o apoio financeiro dado por empresas locais a hospitais, creches, parques e espaços culturais. Boa parte delas faz isso por meio da Lei Rouanet e o do Fundo Estadual de Cultura (Funcultural), que concedem incentivos fiscais ao empresariado.

“Temos clareza das limitações do Poder Públic. Por isso, acabamos nos antecipando e, muitas vezes, tomamos a iniciativa de fazer o que caberia ao Estado”, disse o presidente da Associação Empresarial de Jaraguá do Sul (Acijs), Guido Jackson Bretzke. “Mas nem por isso deixamos de estar sempre cobrando que o Poder Público faça o que lhe cabe.”...

A responsabilidade social das empresas jaraguenses transformou os dois principais centros hospitalares do município em referência e aumentou em oito mil o número de vagas em creches. “Como não há em Jaraguá do Sul hospitais públicos, coube às empresas contribuírem para que as duas unidades filantrópicas de saúde tivessem condições de atender a população local”, comentou Bretzke, referindo-se aos hospitais São José – hoje um centro de excelência em tratamento contra o câncer – e ao Hospital Jaraguá – referência em doenças cardíacas e responsável pelo atendimento de socorro rápido na cidade.

“Para doarmos os recursos pedidos pelas freiras responsáveis pelo São José, apresentamos uma condição: a necessidade de que fosse dado um choque de gestão na entidade, que passou a ter empresários em seu conselho. Dessa forma, conseguimos apoio não só das três esferas de governo [municipal, estadual e federal], mas também de pessoas físicas e jurídicas da cidade”, destacou o presidente da Acijs.

Entre as pessoas que ajudaram o Hospital São José, Bretzke destaca Gerd Baumer, um dos acionistas da multinacional WEG, a maior empresa da cidade e uma das grandes multinacionais brasileiras, fabricante de motores elétricos, geradores e transformadores de energia e tintas.

“Se hoje o hospital tem os melhores equipamentos de radioterapia do mundo, iguais aos do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, muito se deve ao fato de o Gerd não desejar que outros cidadãos jaguarenses passassem pelo que ele e a sua mulher passaram”, disse Bretzke. Gerd, lembrou o presidente Acijs, tinha de estar sempre viajando com a esposa para que ela realizasse um tratamento adequado contra câncer.

De tempos em tempos a Acijs reúne um conselho para discutir “as necessidades imediatas e não-imediatas” da cidade. “Temos quatro diretrizes: gerar benefícios à comunidade e melhorias na infra-estrutura da região; melhorar a competitividade das organizações; fortalecer e defender os interesses e necessidades da classe empresarial; e buscar a excelência na gestão da nossa entidade”, revelou Bretzke.

Entre as metas da Acijs para 2009 destacam-se a duplicação da BR-280, a melhoria do anel viário estadual e intermunicipal, a implantação e melhoria dos centros de educação infantil e a expansão e distribuição do fornecimento de energia elétrica na região.

“Mas também acompanhamos de perto os projetos que já estão sendo tocados, como as reformas e melhorias das obras nos hospitais e a ressocialização dos presidiários”, completou Bretzke.

Há alguns anos, os jovens da cidade reclamavam da falta de acesso à cultura. Coube então à Sociedade Cultura Artística (Scar), entidade criada há 52 anos pelos músicos da Orquestra Sinfônica de Jaraguá do Sul, retomar um antigo projeto, com a ajuda da Acijs: o Centro Cultural de Jaraguá do Sul.

Segundo o presidente da Scar, Udo Wagner, as empresas e a população de Jaraguá do Sul contribuíram com R$ 15 milhões para a construção do Centro Cultural, que tem teatros e uma área de 9.700 metros quadrados. “Os proprietários das empresas são jaraguenses e fazem esse tipo de investimento pensando em seus descendentes”, afirma Wagner.

“Esse espaço vai além da difusão cultural, servindo também para a formação de alunos das mais diversas áreas artísticas”, orgulha-se Wagner. Em 2008, foram realizados 293 eventos para um público de 93 mil pessoas. “Já recebemos duas vezes o Balé Real da Dinamarca e o Ballet Preljocaj, da França”, disse.

Ao todo, 450 alunos participaram dos cursos de teatro, música, artes plásticas, balé, dança do ventre e de salão e de instrumentos musicais, com destaque especial para o curso de harpa.

“Trata-se de um instrumento muito caro, que custa cerca de US$ 20 mil cada. Além das cinco harpas que já temos, aguardamos a chegada de outras doze doadas pela Malwee, que, inclusive, foi quem nos doou um piano de calda inteira, avaliado em R$ 250 mil”, informa Wagner.

Segundo ele, os artistas visitantes consideram o teatro principal, com capacidade para mais de mil assentos, como um dos melhores do país, tanto pela sonorização como pela excelente acústica. “Pretendemos aproveitar essa característica para alugar o espaço para gravações e, juntamente com outras iniciativas, viabilizar a auto-sustentabilidade do Centro”, afirma o presidente da Scar, entidade responsável pela administração do Centro Cultural.

É no Centro Cultural que é realizado o Festival de Música de Santa Catarina (Femusc). “O Femusc será para Santa Catarina o que representa o Festival de Cinema de Gramado para o Rio Grande do Sul”, prevê Wagner.


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