25 de mar. de 2009

Brasil dobra exportações de mel em 2008

País comercializou US$ 43,57 milhões, crescimento de mais de 100% em relação a 2007; setor precisa vencer desafios em 2009 para continuar crescendo
O ano de 2008, mesmo cheio de desafios para o setor apícola brasileiro, terminou com valores positivos e preço recorde. O setor dobrou o valor das exportações, alcançando US$ 43,57 milhões, e aumentou em 42% - 18,27 mil toneladas - o volume negociado com o externo em relação a 2007, quando foram comercializadas 12,9 mil toneladas, com faturamento de US$ 21,2 milhões...

O maior incremento nos valores exportados, quando comparado com as quantidades, se deve ao fato de o preço médio obtido pelo mel brasileiro em 2008, US$ 2,83/Kg, ter sido o mais alto da história das exportações brasileiras. Esse preço superou os US$ 1,64/Kg pagos pelo produto em 2007, bem como quebrou o recorde do ano de 2003, que foi de US$ 2,36/Kg.

Os dados constam do levantamento consolidado pelo analista da Unidade de Agronegócios do Sebrae e coordenador nacional da Rede Apicultura Integrada Sustentável (Rede Apis), Reginaldo Resende. A referência é o Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via Internet (Alice-Web), da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Entre os desafios enfrentados no ano passado pode-se destacar o fim do embargo europeu ao mel brasileiro, ocorrido em março. Por conta disso, o setor, que é o 11º produtor mundial de mel e o nono maior exportador, precisou implantar Boas Práticas e o Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (HACCP/APPCC) nos entrepostos e casas de mel, além de cumprir ainda com a exigência de registro junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Destinos

Apesar da crise econômica, os Estados Unidos foram o principal destino das exportações brasileiras em 2008. O país respondeu por 73,1% do total comercializado, com uma receita de US$ 31,84 milhões, ao preço de US$ 2,32/Kg de mel.

Com a Alemanha, o Brasil comercializou US$ 7,188 milhões, ou seja, 16,5% das exportações, a um preço de US$ 2,66/Kg, bem acima da média geral. O terceiro mercado comprador do mel brasileiro foi o Canadá, que respondeu por 5,3% das vendas (US$ 2,308 milhões), com um preço médio de US$ 2,57/Kg de mel.

São Paulo foi o estado que mais exportou, com US$ 13,3 milhões, respondendo sozinho por quase um terço (30,5%) das exportações. Rio Grande do Sul foi o segundo exportador (US$ 8,69 milhões), com cerca de um quinto do valor exportado (19,9%). O ranking segue com Ceará em terceiro lugar (US$ 6,74 milhões), Piauí (US$ 4,41 milhões), Paraná (US$ 3,8 milhões), Santa Catarina (US$ 3,52 milhões ) e Rio Grande do Norte (US$ 2,11 milhões).

Há também Minas Gerais (US$ 667,13 mil), Maranhão (US$ 187,97 mil), Pernambuco (US$ 71,71 mil) e Espírito Santo (US$ 181,00). O melhor preço foi o recebido pelo Ceará (US$ 2,62/Kg).

Entre as empresas que exportaram para a Europa, três são do Ceará, duas de Santa Catarina, uma de São Paulo e uma do Paraná. No entanto, apenas duas empresas de Santa Catarina responderam por 71% do valor exportado. “Vale ressaltar que as exportações para a União Européia seriam ampliadas se houvesse mais entrepostos credenciados pelo Ministério da Agricultura para exportar mel para a Europa, uma vez que esse mercado se mostrou bastante comprador e pagou melhores preços”, destaca Reginaldo.

Cera e Própolis

Já a exportação de cera de abelha teve redução de 1,3% em valor e de 18,4% em peso na comparação de 2008 com 2007. Do total comercializado (US$ 4,27 milhões), mais de 87% tiveram como destino o Japão.

O segundo destino dessas exportações foi a China (US$ 373,5 mil), embora esse país tenha reduzido em 32,4% as importações na comparação com 2007. A liderança na exportação desse produto foi de São Paulo, seguido de Minas Gerais.

No caso das exportações de própolis, houve um aumento de 156% de receita na comparação com 2007. Foram exportados US$ 114,398 mil em 2008 contra US$ 44,681 mil. Minas Gerais assumiu a liderança na exportação desse produto, seguido de São Paulo, Piauí e Rio Grande do Sul.

Desafios para 2009

De acordo com Reginaldo Resende, o setor precisa superar a forte dependência do mercado. Situação que se agrava com a crescente participação do Canadá, Rússia e Índia nesse mesmo mercado. “Além disso, por conta da possibilidade de agravamento da recessão na economia americana, a necessidade de novos mercados passa a ser fundamental”, diz.

Por isso há uma grande necessidade de um esforço entre os setores públicos e privados para acelerar o retorno das exportações de mel para o mercado europeu. Há ainda a busca do mercado interno como alternativa e suporte para as exportações. A idéia é ampliar o consumo de mel no País, considerado baixo - 128 gramas de mel por habitante ao ano. “Em países desenvolvidos esse consumo é de mais de um quilo por pessoa ao ano”, afirma Reginaldo.


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