31 de mar. de 2009

Moveleiros seguem na ofensiva para manter e conquistar mercados em 2009

Direto da ABIMOVEL

O ano de 2008 foi histórico, iniciando com projeções otimistas e mercados ávidos por novidades, terminando com uma crise mundial e cenários econômicos instáveis. Mas, o setor moveleiro nacional não está recolhido e segue na ofensiva em 2009, aproveitando o momento para avançar fronteiras, buscar novos mercados, batalhar pela redução de impostos, aprender ainda mais com a dificuldade do câmbio e trabalhar melhor os clientes que já conquistou, tanto internamente como fora do Brasil. Para o presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), José Luiz Diaz Fernandez, este será um primeiro semestre de readequação e expectativa. “Do 1º ao 4º mês deverá ocorrer uma acomodação no mercado, tanto das taxas de câmbio e vendas”, destaca...

Fernandez aguarda o sucesso do varejo a partir da reposição de estoque das vendas desse final de ano, por isso o primeiro quadrimestre ainda deve ser bom. Até hoje, segundo a entidade, o mês de dezembro foi bom, mas calmo. “A virada do ano será importante para definir os próximos passos”, enfatiza o executivo. “Não chegamos a refletir sobre a crise porque quando ocorreu, já estávamos com insumos e pedidos feitos”.

A valorização do dólar em 2008, segundo o executivo da Abimóvel, mais prejudicou do que ajudou. “Sofremos com aumentos repentinos da moeda até ajustarmos as contas”, explica. Os altos preços dos insumos importados também prejudicaram o desempenho das empresas, como por exemplo, os efeitos sentidos a partir do aumento no valor do barril de petróleo em derivados como tintas, vernizes, espumas e embalagens. Esses insumos são necessários para a cadeia moveleira e, apesar da pressão, os empresários seguraram o repasse. Agora, apesar da queda do valor do barril no mercado internacional, os produtos não reduziram seus preços ao patamar anterior.

A lógica do mercado não perdoa. “Aumenta o valor da matéria-prima (importada), mas os clientes internacionais barganham mais (sabendo da valorização do Real para a exportação) e, na contramão (pela crise), os pedidos diminuem, gerando menor volume de compras. Além disso, o mercado americano (um dos principais para o Brasil) está se retraindo, sofrendo redução desde 2007”, explica o executivo. Fernandez estima que o dólar recue até R$ 2,10, ou algo em um patamar desse nível.

A presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (MOVERGS) e diretora financeira da Multimóveis, Maristela Cusin Longhi, destaca que esse último trimestre de 2008 indicou uma queda nas vendas do setor moveleiro, mas que somente em março será possível definir uma posição sobre o desempenho das empresas. (Maristela cedeu uma ampla entrevista exclusiva para o Portal Moveleiro que pode ser conferida na íntegra clicando aqui).

“Imaginávamos terminar o ano com 10% de crescimento em relação a 2007. Agora, nossas expectativas giram em torno de 8%. O mês de março será importante para termos a dimensão dessa crise e o que isso representará para o mercado”, enumerou a executiva. O Rio Grande do Sul é segundo maior exportador do Brasil, em 2007 exportou US$ 289 milhões, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Longhi reforça que o setor moveleiro gaúcho está preparado para aumentar sua competitividade, porque no período certo investiu em renovação do parque fabril, inovação e gestão, além de não descuidar da prospecção comercial. Apesar dos entraves como dólar e panorama negativo no mercado externo, a executiva não perde o otimismo e comenta que todos os setores devem buscar seguir um ritmo forte e planejado para crescer de forma contínua. Porque problemas sempre irão ocorrer e o empresário deve estar preparado para contornar e aproveitar o momento para fortalecer. “Através do planejamento, da gestão das empresas, do trabalho, do acesso a informação e do conhecimento é que temos condições de garantir a continuidade de crescimento sustentado, gerando emprego e renda”, reforça Longhi.

Sem ter como estimar com maior fidelidade, na falta dos dados do último trimestre e indicadores regionais atualizados, o presidente da Abimóvel estima um primeiro semestre de cautela, conservador, com um crescimento de 5% ante o mesmo período de 2008. A estimativa inicial para 2009 seria de um crescimento de 7%, tendo um maior crescimento do mercado interno. Segundo o executivo, as exportações também devem ter um incremento, podendo ocorrer uma inversão mais forte de mercado.

O crescimento das exportações de 2007 para 2006 foi de 6%, segundo dados da Abimóvel/MDIC. Até outubro de 2008, dados mais recentes colhidos pela entidade, e pouco depois de se iniciar uma das maiores crises financeiras mundiais que o mundo já passou, o Brasil havia exportado US$ 847 milhões. 15,7% abaixo dos US$ 1,05 bi exportado em 2007, conforme informações do MDIC. Mesmo com um prazo curto para atingir o mesmo volume, o executivo não perdeu a esperança de crescer. O setor revisou recentemente de 5% para 2,5% a projeção de crescimento das exportações para 2008 em relação ao ano anterior.

“A competitividade externa diminuiu em 2008 e os empresários voltaram-se para dentro”, comenta Fernandez. Dentre os mercados internacionais que ganharam maior expressão, destaque para Índia, África e Rússia. “Pretendemos também buscar novos mercados”. Além de continuar buscando nichos diversificados, o executivo incentiva o crescimento internacional de empresas menores, mas bem estruturadas. “A meta para 2009 é de aumentar 10% a participação das pequenas e médias empresas nacionais no comércio internacional”.

A participação em eventos como o realizado em dezembro, em Dubai, capitaneado pela Apex e com participação da Abimóvel, melhora o relacionamento com os importadores. A comissão de fabricantes de móveis brasileiros que participou da Index Dubai 2008 pelo Projeto Brazilian Furniture, por exemplo, estima ter fechado negócios de US$ 6 milhões até o primeiro semestre de 2009. A edição de 2008 teve a maior participação brasileira, com 36 empresas, que foram divididas em cinco segmentos: alta decoração, cozinhas, estofados, móveis e objetos de decoração.

Com a valorização do dólar, o empresário está mais refém dos mercados para ter sucesso, principalmente no exterior. “O mercado não está comprador, além de ainda se manter competitivo”. Segundo Fernandez, para vencer na competição mundial, os moveleiros brasileiros devem diversificar mercados e produtos, focando em design próprio e competitividade.

IPI

Para fortalecer a indústria nacional, a Abimóvel busca acelerar projetos e medidas políticas que podem beneficiar toda a cadeia madeira-móveis. Um item citado por Fernandez e Maristela Longhi é a proposta de redução de IPI para móveis estofados e de metal, que apesar do veto do Lula, ainda segue como bandeira, principalmente depois dos benefícios concedidos ao setor automotivo.

O IPI já foi de 4%, na década de 90 e subiu para 10%. No governo FHC alguns códigos (o governo classifica os itens industriais por códigos de identificação) foram reduzidos para 5%, como cozinhas de madeira. Mas esse indicador, para o presidente da Abimóvel, é prejudicial e excludente, podendo ser ampliado de forma a abranger mais empresas e produtos. “Móveis estofados e de metal ficaram para trás”, comenta Fernandez. Para Longhi, esse foi um dos principais pontos negativos de 2008, tendo que ainda permanece a manutenção das diferenças do IPI, onde móveis de madeira e de aço ainda recebem uma tributação diferente. “Queremos a igualdade e essa é uma das nossas lutas para 2009.”, reforça a líder da Movergs.

Fernandez comenta que o Ministério da Fazenda estaria fazendo um estudo para que a medida não fosse encaixada como Medida Provisória e sim como portaria, acelerando o processo burocrático. Apesar do empenho, ficou mesmo para 2009. “O governo está ajudando todos os setores. Seria uma conquista para 2008 ou 2009”, projeta o executivo.

Matéria escrita por Henrique Puccini para o Portal Moveleiro ( http://www.portalmoveleiro.com.br ).



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