16 de mar. de 2009

Cooperativas

O segmento é um dos poucos da economia que não estão demitindo, mas ampliando seu quadro de funcionários.

O setor cooperativista não está vendo a crise econômica mundial com os mesmos olhos assustados de outros segmentos produtivos no Brasil e mesmo no mundo. A nova situação com que se deparou a economia em todo o planeta preocupa os cooperativistas? A resposta é afirmativa, porém os indicadores do setor mostram um vigor pouco comum em um cenário de crise, embora não se possa descartar que, como o fenômeno é mundial, ninguém está imune a ele. A avaliação é do presidente do Sistema Ocemg/Sescoop-MG (Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais), Ronaldo Scucato, que abordou o assunto em entrevista ao Portugal Digital.

A postura otimista, sem deixar de ser cautelosa, de Scucato se fundamenta em alguns fatores. O primeiro ele procura resumir com a seguinte explicação: "Com crise ou sem crise, todo mundo precisa de comer e, como o Brasil é um grande produtor de alimentos sua posição é bem mais confortável". Nesse aspecto, as cooperativas brasileiras, mesmo enfrentando dificuldades para produzir e exportar, não têm muito do que reclamar.

No ano passado, as exportações do setor renderam US$ 4 bilhões aos cofres das cooperativas. Em relação a 2007, este número é superior em 21,49%. O faturamento foi de R$ 83 bilhões, o equivalente a 14,87% do PIB nacional (conjunto de toda as riquezas produzida no país).

Em Minas Gerais, onde os dados referentes a 2008 ainda estão sendo levantados, os últimos números conhecidos são relativos a 2007 e mostram que o setor faturou R$ 16,4 bilhões, o correspondente a 7,2% do PIB do estado. As exportações mineiras em 2007 foram de 213.346 toneladas, gerando R$ 357 milhões. O volume exportado cresceu no período 112,68% em relação ao ano anterior, e a receita aumentou 70% no mesmo período.

Fantasma do desemprego ainda não chegou às cooperativas

Outro fator que deixa o cooperativismo em posição de tranqüilidade é a oferta de emprego. Enquanto em outros segmentos um dos grandes reflexos da crise tem sido a redução dos postos de trabalho, nas cooperativas o fantasma do desemprego ainda não chegou. Pelo contrário. Segundo Ronaldo Scucato, nas três grandes centrais de Minas Gerais (CCPR, Cooxupé e Unimed) os empregos estão sendo mantidos e até mesmo ampliados. É o caso da Unimed, que está fazendo novas contratações.

O cooperativismo é responsável pela manutenção de 250.961 empregos diretos no Brasil (28.125 em Minas Gerais). Do total de contratações, a maior parte é detida no país pelo setor de agronegócio, que mantém 139.608 empregos diretos (2.319 em Minas Gerais, onde se registrou um crescimento de 5,4% nos postos de trabalho em 2007, em relação a 2006).

Segundo Ronaldo Scucato outro ramo do cooperativismo que tem se saído bem, mesmo com a crise (ou até mesmo por causa dela) é o de crédito. Com a escassez de recursos disponíveis no setor bancário convencional para oferta de crédito, as cooperativas se beneficiam, pois oferecem taxas mais atrativas e com menos burocracias e exigências dos bancos comerciais. No entanto, ele afirma que as cooperativas precisam ter acesso aos recursos de fundos oficiais, como o FAT, para que o crédito continue chegando ao cooperado.

Dificuldades na área de transporte

Há, no entanto, ramos do cooperativismo que estão sofrendo com a crise. Segundo Ronaldo Scucato, um deles é o de transporte, que enfrenta a falta de fretes, com grandes prejuízos para as transportadoras de cargas.

O agropecuário também vem sendo prejudicado pela alta dos preços dos insumos e pela queda da cotação de seus produtos. Em relação às dificuldades para exportar, Scucato afirma que, como a situação não é nova e o setor sempre enfrentou algum tipo de barreira, o problema foi contornado principalmente com a diversificação do nicho de exportações.

Segundo ele, se antes as cooperativas ficavam praticamente na dependência dos Estados Unidos, hoje elas vendem para todos os continentes. Seus produtos estão nos mercados da Europa, América do Sul, Norte de África, Indonésia, Extremo Oriente, Leste europeu, América Central, dentre outros.

Apesar de ter consciência de que as dificuldades provocadas pela crise existem e que ninguém pode falar que delas vai escapar, o presidente do Sistema Ocemg/Sescoop-MG tem boas expectativas em relação a 2009. "As incertezas são muitas, porém, a expectativa é de que o segmento consiga manter o mesmo vigor que há anos tem ajudado o Brasil em seu desenvolvimento econômico e social".

Fonte: Portugal Digital



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