16 de mar. de 2009

BC britânico diz que Reino Unido está perto de grave depressão

da Efe, em Londres
da Folha Online

O Reino Unido corre o risco de entrar numa grave depressão econômica em virtude do alto nível de endividamento de muitas famílias, alertou nesta segunda-feira o Banco da Inglaterra (banco central britânico) em seu relatório trimestral.

O banco manifesta preocupação no documento dobre os efeitos que um crescente processo de deflação possa ter sobre a economia, já que o tamanho das dívidas das famílias, que são fixas, poderia aumentar em relação ao restante dos preços.

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Enquanto a inflação facilita o pagamento da dívida, a deflação tem o efeito contrário, algo que é particularmente grave no caso das famílias do Reino Unido.

A deflação pode, à primeira vista, beneficiar os consumidores, mas ela acaba por acelerar o processo de paralisia da economia. Com a perspectiva de que os preços ficarão ainda menores, os consumidores podem adiar as compras, desacelerando ainda mais o consumo e afetando os lucros das empresas, que podem se ver forçadas a realizar novas demissões.

Atualmente, a dívida privada dos cidadãos do Reino Unido chega 1,46 trilhão de libras (US$ 2,05 trilhões).

O endividamento privado cresceu 165% desde 1997, ano no qual o Partido Trabalhista --do qual faz parte o atual primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown-- chegou ao poder. Em média, cada família deve atualmente 60 mil libras (US$ 84.500).

Além disso, os consumidores são prejudicados pelos altos juros que os bancos cobram por empréstimos, independentemente dos esforços do governo para estimular a concessão de crédito associados a medidas para a recuperação do setor financeiro.

Numa tentativa de suavizar os efeitos da crise, o Banco da Inglaterra emitiu mais dinheiro neste mês para dar mais liquidez à economia. O banco derrubou a taxa básica de juros para 0,5% e se comprometeu a emitir 150 bilhões de libras (US$ 211,2 bilhões) para a compra de títulos da dívida pública e privada. Com o corte nos juros, a taxa chega assim a um nível baixo inédito na história do banco, fundado em 1694.

Em fevereiro, o ONS (na sigla em inglês, Escritório de Estatísticas Nacionais) informou que, no quarto trimestre do ano passado, o PIB (Produto Interno Bruto) britânico registrou uma contração de 1,5% em comparação com o trimestre anterior, período também marcado por um índice negativo. Trata-se da primeira vez desde 1991, depois que a economia do país registrou forte desaceleração nos últimos dois trimestres de 2008, arrastada pela crise financeira global.


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