20 de mar. de 2009

Sete setores vão negociar na próxima semana

Serão sete os setores industriais que se reunirão no dia 25 para decidir acordos de limitação de comércio entre Brasil e Argentina, anunciou ontem o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho. Dois setores são de interesse da indústria brasileira: vinho, cujos produtores querem um acordo de preços mínimos com os concorrentes vizinhos, e o setor de farinha de trigo, que, baseado em estatísticas sobre ocupação do mercado, quer limitar o volume de importações do produto argentino. Os argentinos, segundo o governo brasileiro, querem acordo para calçados, têxteis e confecções, motocicletas, autopeças e móveis. Pelo lado argentino, a indústria inclui máquinas agrícolas na lista.

A lista de indústrias que se sentem ameaçadas pela concorrência entre sócios do Mercosul é bem mais extensa, chega a pelo menos 16 produtos sobre os quais brasileiros querem impor restrições de importação, e a 37, no caso dos argentinos. Os brasileiros continuam sujeitos a licenças de importação não automáticas na alfândega argentina, que, segundo Ramalho, tem levado, em alguns casos, bem mais que os 60 dias de prazo previstos como máximos pela organização Mundial do Comércio (OMC). Esses produtores serão objeto de outra reunião.

Temos de usar a criatividade, comentou Ramalho, ao informar que o Brasil tentará encontrar alternativas à fixação de cotas ou preços mínimos para exportações do país à Argentina. As reuniões servirão também, disse, para que os empresários brasileiros possam mostrar e conferir dados sobre o mercado argentino, a capacidade de produção local, a participação de concorrentes de terceiros países e o desempenho das vendas brasileiras naquele país.

Insistimos muito e temos a concordância da Argentina de que qualquer acordo feito tenha como premissa básica evitar o desvio de comércio, comentou Ramalho, explicando que os limites para vendas brasileiras não podem resultar em desvio da demanda para fornecedores de outros países. O Brasil espera ainda que, nos setores-alvo de acordo, o governo argentino se comprometa em liberar rapidamente as licenças de importação, em no máximo dez dias.

O Brasil usará o acompanhamento diário que tem sobre as exportações para verificar o desempenho do acordo de limitação de exportações e se há atrasos burocráticos injustificáveis, adiantou Ramalho. Ele confirmou que, mais uma vez neste ano, o governo brasileiro deverá reduzir a tarifa de importação do trigo para terceiros países, como forma de suprir o mercado brasileiro na falta de produto argentino.

Fonte: Valor Econômico


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