27 de mar. de 2009

Roger Agnelli: muito do sucesso da Vale se deve à parceria com o Japão

Presidente-executivo da Vale destaca parceria de longo prazo da empresa com os japoneses. "Muito do sucesso da Vale se deve à parceria com o Japão, sem dúvida alguma, uma relação importantíssima", disse Roger Agnelli, presidente-executivo da Vale e personalidade em destaque no mundo empresarial, durante palestra no dia 24 de março, no Salão Nobre do Prédio Histórico da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, situado no Largo do São Francisco, 95, no seminário promovido pelo Instituto de Direito Internacional e Relações Internacionais (IDIRI) da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, uma das mais tradicionais escolas de direito do Brasil, com o apoio da Fundação Mitsui Bussan do Brasil (Mitsui e empresas coligadas)...

O presidente destacou o esforço da Vale e a parceria de longo prazo com os japoneses, que têm permitido à empresa atingir alto índice de desenvolvimento, observando que "a Vale e o Japão têm uma parceria de longo prazo, a América do Sul sendo o maior depósito de energia (grãos, minérios) do planeta, e do outro lado o Japão, com recursos naturais escassos", ressaltando que "os financiamentos japoneses foram muito importantes para a expansão da Vale, sendo o Carajás, uma das mais ricas jazidas de minério de ferro, começou a exportar para o Japão em 1955, iniciando uma grande parceria entre a Vale e o Japão. O Japão tem visão de longo prazo, coisa que não se encontra em outros povos. A Vale tem como filosofia essa visão de longo prazo".

Maior empresa privada da América Latina, a Vale tem um valor de mercado de aproximadamente 150 bilhões de dólares. Presente em 30 países, a empresa é a maior produtora e exportadora mundial de minério de ferro e de pelotas, a segunda maior produtora mundial de níquel e uma das principais produtoras de manganês, ferro-ligas, concentrado de cobre, bauxita, alumina, alumínio e carvão. Maior operadora de serviços de logística no Brasil, participa do consórcio de oito hidrelétricas, já em operação, geradoras de energia para seu consumo próprio. A Mitsui & Co., Ltd. é dententora de 15% da Valepar, controladora da Vale.

Empresas japonesas são sócias da Vale em diversos negócios no Brasil e em outros países: Alumínio (Albrás) e alumina (Alunorte), pelotas (Nibrasco), níquel (PTI Indonésia e Goro Nickel), caulim (PVSA), aço (CSI EUA), logística (Log-in Logística). A Vale possui refinaria de níquel em Matsuzaka e escritório em Tóquio há mais de 30 anos.

O executivo aproveitou a presença de diversas autoridades para destacar o novo momento da empresa, afirmando que a agenda da Vale em 2008, um ano de recordes, dá a dimensão da força com que a empresa ruma para ser a maior mineradora de mercado do mundo, com ações voltadas ao desenvolvimento econômico, progresso social e inserção de grande número de pessoas nos três componentes do desenvolvimento humano – educação, saúde e renda, destacando que a conquista de novos mercados vai refletir, naturalmente, no aumento da produção interna e geração de mais empregos. "O Brasil é um gigante em recursos naturais e a Vale vai ser a maior mineradora de mercado do mundo. A Vale depende essencialmente do mercado internacional. A Vale investiu US$ 49,1 bilhões entre 2004 e 2008. Excelência na execução de projetos, com 29 grandes projetos entregues. Entre 2000 a 2008 foram US$ 25,1 bilhões em aquisições. 2008 foi um ano de recordes para a Vale. Precisamos ter capital para investir na educação, saúde do povo e infraestrutura. Investir e crescer. Austrália, país essencialmente mineradora, hoje sua população tem alto padrão de vida. Não se constrói um país sem grandes empresas. Não se faz empresas sem lucro. É preciso geral capital para investir. Se não tem lucro não gera impostos. Investimentos geram maiores oportunidades. O Brasil pode ter empresas globais, que para muitos isso incomoda".

Recentemente o mercado chinês tornou-se o maior importador individual de minérios da Vale. No final de 1997 a Vale era a oitava maior empresa de mineração no mundo em valor de mercado. Hoje a Vale é a segunda maior empresa do setor. Em 2008 o faturamento da Vale foi de US$ 38,5 bilhões, sendo que a Ásia respondeu por 41% dessa receita (o Japão com 12%), Europa com 20%, Brasil com 17%, entre outros.

Agnelli prevê que a Ásia, daqui para frente, será peça fundamental no crescimento da economia mundial e as Américas terão que "entrelaçar" nas suas relações bilaterais. Na sua opinião, a América do Sul e Ásia deveriam trabalhar no sentido de reforçar essa relação, devido ao potencial de crescimento das duas regiões e suas complementariedades. De acordo com ele, a América do Sul dispõe dos recursos naturais necessários para o crescimento da Ásia, que por sua vez detém o dinheiro. Os países asiáticos detinham ao final de 2007, US$ 4,24 trilhões em reservas internacionais, sendo US$ 1,9 trilhão apenas da China. "A economia mundial retoma e não tem volta. Em 2008, 66% do crescimento mundial vieram dos países emergentes. As economias emergentes, destacando-se a China, foram os responsáveis pela expansão do consumo mundial de commodities. O mundo está dividido em duas partes: leste e oeste. 52% das reservas internacionais hoje estão na Ásia. É lá que está a grana".

Ao proferir as palavras de encerramento, João Grandino Rodas, diretor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, disse que ficou extremamente honrado com a presença do público e em especial do palestrante Roger Agnelli, que na sua avaliação "é uma das pessoas mais éticas que pude conhecer no empresariado brasileiro". Após seu discurso, o diretor João Grandino Rodas fez a entrega de uma placa de homenagem ao palestrante.

Perfil - Roger Agnelli graduou-se em economia pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), São Paulo. Em julho de 2001 foi eleito diretor-presidente da Vale. Anteriormente, de maio de 2000 a julho de 2001, presidiu o Conselho de Administração da companhia.

Roger Agnelli construiu sua carreira profissional no Grupo Bradesco – uma das maiores instituições financeiras do Brasil –, de 1981 a 2001, onde exerceu o cargo de diretor-executivo do Banco Bradesco entre 1998 e 2000.

Em virtude de sua experiência e de suas atividades nas áreas de investimento, fusões e incorporações (M&A) e gestão de ativos, foi diretor da UGB Participações S.A. e vice-presidente da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (ANBID). Foi também diretor-presidente da Bradespar S.A. de março de 2000 a julho de 2001 e membro de conselhos de administração de diversas companhias com relevante atuação no Brasil e no exterior, como Companhia Paulista de Força e Luz, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Latas de Alumínio S.A. (LATASA), VBC Energia S.A., Brasmotor S.A., Mahle Metal Leve S.A., Rio Grande Energia S.A., Suzano Petroquímica, Serra da Mesa Energia S.A., Duke Energy, Spectra Energy e Petrobras. De 2003 a 2007 foi membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), órgão de assessoramento ao presidente da República do Brasil.

Atualmente, é membro do Conselho Consultivo do Setor Privado (CONEX) da Câmara de Comércio Exterior da Presidência da República do Brasil e integra o Conselho de Assessoramento Internacional ao presidente da República de Moçambique, Armando Guebuza. Ocupa a Vice-Presidência do Centro das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro e participa do Conselho Superior Estratégico da Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP), do Conselho de Administração da ABB Ltd. e do Conselho Consultivo Global da Anadarko. É membro da Comissão Internacional Consultiva da Bolsa de Valores de Nova York (NYSE).





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