5 de mar. de 2009

Agrishow se despede de Ribeirão Preto sem estandes de tratores

São Paulo, Ribeirão Preto, 5 de Março de 2009 - Sem a participação dos grandes produtores de tratores, colheitadeiras, implementos agrícolas e caminhões, a 16 edição da Agrishow, a ser realizada ainda em Ribeirão Preto, perde prestígio. Multinacionais como John Deere, Case, New Holand (CNH), Agco, Massey Fergunson, Scania e Mercedes-Benz, que sempre ostentaram os maiores e mais requintados estandes da Agrishow, vão ficar de fora da feira, considerada uma das maiores exposições de máquinas agrícolas do planeta.

A Agrale, tampouco suas subsidiárias, participarão do evento este ano. De acordo com Nelson Watanabe, gerente de vendas da Agritech Lavrale, uma das subsidiárias em questão, a empresa segue a conduta estipulada pelo Grupo determinada em conjunto com os presidentes das outras empresas do segmento associadas à Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). "Os fabricantes de tratores avaliam que não são consultados quando da realização da exposição", justifica. Segundo Watanabe, os agricultores que frequentam a Agrishow são motivados principalmente pelas empresas de máquinas agrícolas.

Milton Rego, diretor de relações externas da CNH e vice-presidente da Anfavea, explica que essa decisão de não participar do evento é das associadas e não da Associação propriamente dita. "Ninguém voltou atrás e nem vai voltar", antecipa. Rego justifica a ausência se apoiando no aumento dos custos e na sugestão dada pela Anfavea de realizar a feira a cada dois anos e negada pela organização da Agrishow. "A decisão não foi motivada apenas pela crise", afirma. Tanto a Case IH, quanto a New Holand confirmaram que não estarão em Ribeirão Preto (SP) este ano.

Os altos gastos alegados com montagem, transporte de equipamentos, viagens, hospedagem e alimentação de executivos e convidados, a Anfavea anunciou ainda em dezembro que suas associadas não participariam da Agrishow. As respectivas concessionárias também não deverão participar do evento. Caminho idêntico deverão seguir grandes fabricantes nacionais de implementos agrícolas, como Jumil, Marchesan e Jacto, que não confirmaram participação na feira, segundo uma fonte da Reed Exhibition Alcantara Machado, promotora da Agrishow.

O novo presidente da feira, Cesário Ramalho da Silva, que também preside a Sociedade Rural Brasileira (SRB) não assume a ausência já declarada das associadas Anfavea, mas rebate ameaçando "ir atrás das empresas exigindo uma justificativa".

Mesmo sem a participação das associadas da Anfavea, a Agrishow projeta um crescimento no número de expositores para este ano. Segundo o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas (Abimaq), Luiz Aubert Neto, a Agrishow 2009 vai receber 775 expositores, 55 deles internacionais, antes os 745 da versão 2008.

A expectativa dos organizadores do evento é movimentar cerca de R$ 870 milhões - no ano passado a Agrishow contabilizou R$ 800 milhões em negócios. São esperados 140 mil visitantes este ano. "Se o volume de negócios for menor do que o esperado, estará dentro da realidade do mercado", pondera o novo presidente.

A Agrishow 2009 será a última edição da feira em Ribeirão Preto. No próximo ano, o evento tem nova casa: São Carlos, a 240 km de São Paulo e a 80 km de Ribeirão Preto. Para a realização da feira, a cidade vai receber R$ 53 milhões para investir em infraestrutura, como rede elétrica e modernização dos acessos à cidade.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto, problemas com a estrutura do evento em Ribeirão Preto desagradavam os fabricantes de tratores. "Fizemos estudos em Araras, Piracicaba, São Carlos e até em Ribeirão Preto. A melhor proposta foi de São Carlos", diz Aubert. Ele conta que a cidade carece de rede hoteleira para atender aos visitantes da feira. "Mas isso não impede a realização do evento". Segundo ele, as cidades próximas podem resolver o problema, inclusive Ribeirão Preto.

A Embrapa cedeu um terreno de 240 hectares na região para desenvolver projetos de agroenergia. A concessão é por 50 anos, renováveis por mais 50 anos.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 12)(Gilmara Botelho Edson Álvares da Costa e Sérgio Toledo Invest News)

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