17 de mar. de 2009

Brasil nipônico

No dia 13 de março, durante solenidade em Brasília, foi anunciado o fortalecimento da JICA – Agência de Cooperação Internacional do Japão, com foco no desenvolvimento dinâmico e inclusivo. Depois de mais de três décadas de atuação no Brasil, em áreas relacionadas à agricultura, meio ambiente e saneamento básico, a Agência inicia o ano de 2009 ainda mais forte, unindo ações de cooperação técnica e financeira, sendo a segunda maior em volume de recursos (US$ 10.280), perdendo apenas para o Banco Mundial (US$ 19.634). Na verdade, a decisão do governo japonês de fortalecer a JICA foi tomada em outubro de 2008, um ano extremamente marcante para a cooperação entre os dois países, quando foi comemorado o centenário da imigração japonesa no Brasil. Em 2009, outra data importante marca a relação entre Brasil e Japão: 50 anos da primeira cooperação, assinada em 1959.

O fortalecimento da Agência não alterou os focos da cooperação que serão mantidos nas áreas de agricultura, meio ambiente e saneamento, só que desta vez terá um viés tripartite, ou seja, as ações desenvolvidas em parceria entre o Brasil e o Japão vão beneficiar outros países da África e das Américas.
Segundo o Ministro Marco Farani, diretor da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores, a JICA é uma das agências de cooperação mais atuantes no país. Há cerca de seis meses, desde que ele assumiu a diretoria da ABC, já assinou três projetos que conta com o apoio financeiro da JICA: um para a utilização sustentável de resíduos sólidos; outro para detecção de áreas desmatadas na Amazônia e outro para produção de biodiesel.
De acordo com Farani, o objetivo principal no momento atual é fazer com que a cooperação entre Brasil e Japão beneficie principalmente países da África. Ele explica que o Japão mantém um volume considerável de recursos destinados à cooperação internacional, cerca de US$ 7 milhões, assim como a União Européia, que destina aproximadamente 7 milhões de euros.

O Brasil já se beneficiou muito da cooperação internacional, o que resultou inclusive na criação de várias empresas de expressão no cenário brasileiro hoje, como a Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e a CONAB – COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO, entre outras. Segundo o diretor da ABC, hoje o Brasil já está em condições de passar essa experiência a outros países, através de ações tripartites com países como Japão, EUA e Canadá, por exemplo. "O Brasil mantém cooperação internacional com cerca de 50 países e, no momento atual, estamos priorizando ações em prol de países mais carentes de tecnologia, como alguns da África, Haiti e Timor Leste, entre outros", destaca Farani.

Ações de cooperação tripartite já estão sendo implementadas na Embrapa

A Embrapa, uma das principais parceiras da JICA há mais de três décadas, já está implementando essa forma de cooperação tripartite entre o Brasil e o Japão, desde janeiro deste ano, com o treinamento de pesquisadores mexicanos em duas de suas 41 unidades de pesquisa localizadas em Brasília: a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e a Embrapa Cerrados.
A vinda dos pesquisadores do Instituto Nacional de Investigaciones Florestales, Agricolas e Pecuárias (INIFAP – o Ministério da Agricultura do México), Angel Capetillo Burela e Isaac Meneses Marquez, ao Brasil fez parte de um acordo de cooperação entre a ABC, JICA e Embrapa no âmbito do projeto "Mejoramiento y Difusión de Tecnología de Frutas Tropicales para los Pequeños Productores en el Estado de Veracruz, México", cuja primeira etapa está prevista para durar cinco anos.

Os pesquisadores ficaram em Brasília no período de 28 de janeiro a 17 de fevereiro, quando foram treinados em técnicas utilizadas pela Embrapa na agricultura brasileira. Burela foi treinado na Embrapa Cerrados em tecnologias de cultivo de graviola e maracujá e Marquez desenvolveu suas atividades de capacitação na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia com foco no gerenciamento de bancos de dados de germoplasma.

Com o treinamento, os pesquisadores pretendem transferir as tecnologias ao INIFAP, que tem entre suas metas a diminuição da pobreza no México. Atualmente, as culturas dominantes no país são a cana-de-açúcar, o milho, o trigo, o sorgo, a laranja, a banana, a manga, o abacate, o feijão, o tomate, o limão, o melão, a batata, a cevada, o café, a soja, o arroz o abacaxi, o algodão e a noz. Cerca de 25% da população do país vive em zona rural, segundo censo realizado em 2000.
Técnicas de caracterização molecular e de conservação de sementes a longo prazo contribuem para a segurança alimentar .

O banco de germoplasma do INIFAP possui sementes de 73 espécies vegetais, entre frutas nativas, exóticas e importadas. A partir do treinamento realizado na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, que possui hoje o maior banco genético vegetal no Brasil com mais de 100 mil amostras de sementes de aproximadamente 400 espécies, o pesquisador Isaac Marquez pôde conhecer as técnicas moleculares e o sistema de conservação de sementes da Unidade da Embrapa, no qual as espécies são mantidas em câmaras frias a 20°C abaixo de zero, onde podem permanecer por cerca de 100 anos.
"O treinamento em técnicas de utilização de marcadores moleculares para caracterização de espécies vegetais vai contribuir para acelerar a caracterização da diversidade genética que temos em nosso país", afirmou Marquez.

O treinamento dos pesquisadores mexicanos na Embrapa foi a primeira ação de cooperação triangular em 2009. Mas essa, certamente, será uma das prioridades para a Empresa os próximos anos, como finalizou o representante da Assessoria de Relações Internacionais da Embrapa, Alexandre Cardoso.
Fonte: Notícias Agrícolas


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