12 de mar. de 2009

Micam aponta cautela nas vendas

Milão/Itália - O movimento da Micam – The ShoEvent, que iniciou na última quarta-feira (04) e encerra-se amanhã (07) em Milão/Itália, indica que os lojistas internacionais estão bastante cautelosos na hora de fechar pedidos. Muitos estão solicitando amostras para fazer uma avaliação no retorno às suas sedes e posteriormente fazer os pedidos. “As vendas irão acontecer mais tarde nesta estação”, comenta Fernando Schneider, representante das marcas gaúchas Malu Super Comfort e Território Nacional (Ivoti/RS). Segundo ele, o cliente não quer errar na compra para evitar a formação de estoques. “O crédito está muito reduzido e faz com que o importador atue de maneira ainda mais conservadora”. Schneider estima que este primeiro semestre deverá fechar com uma redução de 30% no volume exportado pela empresa, mas há forte expectativa de reversão no próximo período, com as vendas de verão.

Para Juliano Weber, responsável pelas exportações da Cristófoli (Novo Hamburgo/RS), a Micam está sendo positiva porque a empresa vem adequando-se à venda de pequenos volumes. Reduziu o pedido mínimo de 500 pares para 300 ou até 200 pares, o que auxilia os lojistas que estão comprando com cada vez mais cuidado. “As vendas são menores em quantidade, mas mantemos o número de clientes e até abrimos mais alguns, que precisam desta alternativa.” Para Weber, está acontecendo em nível global um efeito cascata onde o consumidor final está com receio de comprar em parcelas, devido à ameaça de desemprego. Soma-se a isto a burocracia que o lojista enfrenta para obter crédito junto às instituições bancárias. “Com isto, as fábricas também não se arriscam, mas é o momento de posicionar o produto junto aos compradores e é isto que estamos fazendo”. Para ele, o lojista de pequeno porte tem tanta importância quanto o grande, que é, na realidade, o mais prejudicado porque precisa de mais financiamento para comprar. Weber avalia que o Brasil passa por um momento bastante positivo porque está com preços mais competitivos devido à valorização do dólar, mas que o importador ainda não sabe disto. “Precisamos divulgar que temos melhores condições na formação de preços”.

Na Miezko (Campo Bom/RS), o estande movimentado anunciava que os esforços de dois anos de investimentos em marca e design estão dando resultado.
Novos clientes foram conquistados e um comprador da Suíça, que viu os calçados em uma loja de Düsseldorf/Alemanha, foi conferir a coleção, feita de calçados e acessórios femininos de alto preço. “O importante é ter posicionamento de mercado. Focamos em vender apenas para lojistas e exclusivamente com a marca própria”, explica Eraldo Hoeper, que coordena as exportações da Miezko a partir de um escritório na Holanda. Ele reconhece que a crise econômica não tem precedente porque está globalizada. O lojista, mesmo que tenha gordura financeira, irá se retrair. Mas, mesmo comprando menos, ele precisa das novidades que as fábricas apresentam. Seguindo esta filosofia, lançou na Micam uma coleção de acessórios formada por bolsas, cintos e bijuterias, acrescida de uma linha de jaquetas em couro nobre. “Estamos cercando o cliente com os complementos de um sapato e criando um atrativo a mais para a compra”, explica Hoeper.

Posicionamento de produto também é a opção adotada pela Anatomic & Co (Franca/SP), além de muita cautela da hora de vender. “Preferimos uma operação de centenas de pequenos riscos do que poucos e grandes riscos”, exemplifica João Conrado, da Ghetz Limited, que realizada as vendas da empresa a partir de Londres, onde montou uma distribuidora e escritório que possibilitam a nacionalização e a venda direta dos calçados produzidos em Franca. Desta forma, consegue vender poucas quantidades para centenas de lojas de pequeno porte espalhadas pela Europa. Atualmente, os calçados da marca estão espalhados em mais de 800 pontos-de-venda no mercado europeu. “Se alguns deixam de comprar, não sou tão afetado”. Ele revela preocupação com o fechamento recente de três grandes redes de lojas na Inglaterra, mas também comemora ser a terceira marca de botas mais vendidas no país e ficar à frente da Timberland.

A pesquisa foi publicada na Drapers, a revista de calçados de maior prestígio no Reino Unido. “é fruto de um trabalho muito serio em relação à qualidade e à entrega dos produtos”, assinalou enquanto finalizava os detalhes da parceria com o representante que passará a atuar em Hong Kong. A Anatomic também passará a atuar no norte da Itália. No sul do país, já vende para 119 lojas.

Estratégia - Investimento passo a passo no mercado internacional é a estratégia da Villione (Franca/SP). Nesta terceira participação da Micam, conseguiu melhorar a localização do estande no pavilhão 5, destinado aos calçados masculinos, para onde levou três linhas específicas da nova estação. Atualmente, 30% da produção de 800 pares/dia é enviada ao exterior.

Segundo Guilherme Falleiros Carvalho, a empresa vem destinando recursos para a participação de mais feiras no exterior, a exemplo da IFLS, que aconteceu na Colômbia no mês passado. Na mostra italiana, fechou contrato com agentes na Dimarca e Noruega e deve finalizar uma parceria para a Itália. Carvalho salienta que está havendo retração nas vendas desde o início do ano, mas o projeto é não deixar de apostar nas exportações.
“Quando o momento passar, estaremos consolidados como fornecedor potencial de calçados de alta qualidade e preço adequado, uma fatia a que a Itália está cada vez mais deixando de atender.”

Brazilian Footwear – No total, 41 empresas brasileiras estão participando da Micam. Todas contam com o apoio do Brazilian Footwear – Programa de Promoçao às Exportaçoes, desenvolvido pela Abicalçados em parceria com a Apex Brasil (Agência de Promoção de Exportações e Investimentos). No estande coletivo estão as empresas Biondini, Cappeli Rossi, Carrano, Dilly, Malu Super Confort, Miucha, Monacci, Stéphanie Classic, Werner, Wolpco, Paralelepypedo, Satryani, Pararaio, Andacco e Francajel. De maneira individual, estão Anatomic Gel, Bettarello, Bibi, Bical, Democrata, Grendene, Klin, Pampili, Radames, Sapatoterapia, Via Uno, Studio TMLS, Albanese Studio, Pyramidys by GVD, Villione, Miezko, Cristófoli, Piccadilly, Dumond e Tanara (Dakota). No espaço Visitors, destinado ao segmento de alta moda, estão Cavage, Luiza Barcelos, Sylvie Quartara, Fernando Pires, Zeferino e Louloux.

Elizabeth Renz
Assessora de Comunicação Abicalçados/Brazilian Footwear
imprensa@abicalcados.com.br


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