3 de abr. de 2009

Estado de alerta

A crise mundial que afeta o mercado desde o final de 2008, aliada a quebra de safra de algumas frutas devido ao clima, prejudicaram as exportações no primeiro bimestre de 2009. “Tais problemas climáticos ocasionaram, por exemplo, redução de 30% dos volumes de banana exportados no ano de 2008 quando comparados ao ano anterior, redução esta que se mantêm no comparativo do primeiro bimestre de 2009” afirma Moacyr Saraiva Fernandes, presidente do Instituto Brasileiro de Frutas - Ibraf...

“A falta de crédito e políticas públicas de incentivo ao setor produtivo, desestimulam os produtores a investirem em novas áreas de produção e até mesmo de retomarem o plantio afetado pelo clima no ano de 2008”, complementa Fernandes. Segundo estatísticas divulgadas pela Secretaria de Comercio Exterior – SECEX, a maioria das culturas frutícolas apresentaram quedas nas exportações com relevante atenção para o melão e o mamão que apresentaram números preocupantes.

O melão, que diminuiu seu volume de exportação em aproximadamente 15%, foi afetado principalmente pelo aumento dos fertilizantes e fretes marítimos. Para Carlos Prado, presidente da Itaueira Agropecuária e superintendente do nordeste do Instituto Brasileiro de Frutas - Ibraf, ninguém quer assumir a responsabilidade pela situação. “Importadores que contrataram a compra da safra, pagando um adiantamento como garantia, estão deixando de lado o pagamento final, com receio de não conseguirem completar o ciclo de comercialização. É o inicio do desastre.” – atesta o presidente.

Ainda segundo Prado outro agravante é o descaso da política com relação ao setor primário. “Como o governo brasileiro tem por característica o não cumprimento de suas obrigações, os produtores já enfraquecidos pela não devolução de créditos fiscais, ou alongamentos dos prazos vão se enfraquecendo. Isso, posto a queda na produtividade e a redução nas áreas plantadas tornam-se uma conseqüência natural. E o melão continua esperando que o governo descubra que algo tem que ser feito imediatamente.” – Afirma.

Outra queda significativa nas exportações foi o mamão papaia, que iniciou os dois primeiros meses do ano com um déficit de 9,11% em volumes enviados ao exterior e quase 20% em valor. Para Roberto Pacca, diretor presidente da Agra Produção e Exportação LTDA, as principais causas para este resultado são as dificuldades que o produtor encontra, em situações de crise. “Há uma barreira das exportadoras em financiar necessidade de capital de giro. Depois de um período de 3 anos sem rentabilidade devido à valorização do Real, a crise ajudou a culminar o processo de dificuldades financeiras; redução da área plantada devido ao preço ruim no mercado interno e queda na demanda do mercado internacional”, afirma Pacca. Para solucionar os problemas o diretor aposta na liberação de financiamento, por parte do governo (como o Revitaliza BDNES); liberação por parte dos governos estaduais dos créditos de ICMS; e na desoneração de encargos na folha de pagamento do setor exportador agrícola.

Dentre as estatísticas divulgadas, a maçã é a única fruta que apresentou saldo positivo. Contudo, Pierre Nicolas Péres, presidente da Associação Brasileira de Produtores de Maçã - ABPM, afirma que este resultado irá mudar. “Percebemos que as exportações diminuirão, assim como o preço. Para conter essa queda apostaremos em mercados como a Argélia, Oriente Médio e Ásia, que crescem e proporcionam uma saída para o setor. Devemos também privilegiar outros paises da Europa, estabelecer laços mais estreitos, prospectar novos clientes, estudar os mercados e sair em busca de novas alternativas.” – afirma.

A fruticultura, assim como a maioria dos setores exportadores do Brasil, passa por esse processo. Em 2008 as estatísticas foram positivas e efetivas. Contudo a crise mundial afetou as principais empresas, que agora buscam uma maneira de reencontrar o caminho do crescimento.

Fonte: IBRAF


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