14 de abr. de 2009

Mercado externo compra menos fruta nordestina

O pólo de fruticultura irrigada do Vale do São Francisco, formado por oito municípios do sertão de Pernambuco e da Bahia, responsável pela ocupação de 200 mil trabalhadores, foi um dos mais afetados, no Nordeste, pela crise mundial. Responsáveis por 42% do total de exportações brasileiras de uvas e mangas "in natura", segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), os produtores do São Francisco sofreram com a quebra de contratos de vendas e até devolução de mercadorias no final do ano passado. Os prejuízos resultaram na demissão de 1.362 trabalhadores entre novembro e dezembro de 2008, segundo o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Petrolina, cidade do sertão pernambucano e uma das principais do pólo. O número é menor que o de 2007, quando foram demitidas 1.614 pessoas. A diferença, segundo o presidente do Sindicato, Francisco Pascoal, é que desta vez as dispensas atingiram também os mais antigos e não apenas os que haviam sido contratados para a safra. Até o final do mês passado, 400 trabalhadores ainda não haviam recebido as verbas rescisórias tampouco o FGTS. Entre fevereiro e março deste ano, um acordo estabeleceu o pagamento de um salário mínimo a mais a cada demitido e reduziu o ritmo das dispensas. Mas as contratações, que deveriam começar este mês para a preparação da próxima safra, estão em ritmo lento. A média de 120 contratos por semana caiu para 80 e não há sinalização de que será acelerada. "Os produtores dizem que estão sem recursos para o custeio da safra e sem mercado no exterior", explica Pascoal. O presidente da Associação de Produtores e Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco (Valexport), Gualberto Almeida, lamenta a perda das linhas de financiamento das tradings que, com a crise, deixaram de adiantar os recursos para o plantio das safras. Para piorar, houve uma queda de 25% no preço das frutas no ano passado. A expectativa para 2009 é de vendas ainda menores com o agravamento da crise no Leste Europeu. "A crise nem sempre é pela falta de dinheiro mas pela cautela em gastar", analisa, revelando que só no segundo semestre será possível avaliar se haverá uma reação positiva do mercado internacional. Para o professor do Instituto de Economia da Unicamp, Antonio Buainain, a situação é preocupante porque a produção de frutas no perímetro irrigado já registrava queda nos preços. "Os produtores poderão viver uma crise muito grande porque a fruta é um dos componentes mais sensíveis à redução da renda, no exterior", afirma, lembrando que a alta do dólar pode ser um atenuante para os exportadores.

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