23 de abr. de 2009

COM EXCEÇÃO DA CHINA, COMÉRCIO EXTERIOR CRIA VAGAS NO PAÍS

O comércio exterior brasileiro garantiu 1,2 milhão de empregos no ano passado. Dos principais parceiros comerciais do Brasil, apenas a China teve uma contribuição negativa de 303 mil vagas para esse resultado. Os números acima fazem parte de um estudo inédito da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que busca relacionar o saldo da balança comercial e o desempenho do emprego.

Com base nas contas nacionais do IBGE e utilizando um modelo insumo-produto, os técnicos da entidade calcularam os efeitos diretos e indiretos do comércio exterior para o emprego. "Um dólar exportado não significa o mesmo número de postos de trabalho. Depende das características da produção", disse Paulo Francini, diretor do departamento de economia da Fiesp...

O estudo concluiu que as exportações brasileiras garantiram 5,6 milhões de vagas formais e informais em 2008. No entanto, os produtos que o Brasil comprou no exterior "exportaram" 4,4 milhões de postos de trabalho. Dessa maneira, o saldo comercial de US$ 24,7 bilhões do ano passado foi responsável por 1, 2 milhões de vagas no país.

Em 2007, quando o saldo da balança foi de US$ 40 bilhões, o comércio exterior garantiu 2 milhões de vagas. Por esse raciocínio, a Fiesp estima que a atividade exportadora e importadora deixou de gerar 800 mil vagas em 2008 ante 2007, mas não significa que essas pessoas perderam o emprego, porque podem ter sido absorvidas por atividades voltadas para o mercado interno.

Francini disse que o estudo evidencia que o Brasil é um "ganhador" no saldo de empregos no comércio exterior, com exceção da China, com contribuição negativa de 303 mil vagas. Conforme o estudo, as trocas com a União Europeia geraram quase 670 mil vagas, com os Estados Unidos 167 mil, com o Mercosul 212 mil, e com o restante da América Latina 430 mil. Entre esses blocos, a China é o único com o qual o Brasil possui déficit na balança comercial.

Para a Fiesp, que é uma ferrenha opositora do que qualifica de "importação desleal" da China, os chineses seriam os vilões do emprego no Brasil. O levantamento da entidade aponta que as trocas com o país asiático em matérias-primas e bens intermediários geraram 5,9 mil empregos em 2008, mas que o Brasil perdeu 6,9 mil vagas no comércio em bens de capital e 3,7 mil em bens de consumo.
"O que mais preocupa no comércio com a China é o filme e não a fotografia", disse Francini. Ele alerta para a tendência no saldo de empregos no comércio exterior com o país. Em 2003, as trocas com a China geravam um saldo de 134 mil vagas no Brasil, segundo a federação paulista. A reversão ocorreu em 2006 com a perda de 58 mil vagas e o resultado negativo se aprofundou em 2007 e 2008. Segundo Francini, o objetivo da Fiesp é repetir esse estudo a cada trimestre.

Fonte: Valor Econômico


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