28 de mar. de 2009

Ipea revela dados otimistas sobre a economia brasileira

Situação deve apresentar melhora gradual ainda em 2009; número de empregos com carteira assinada voltou a crescer em fevereiro...

Brasília - O pior da crise internacional já foi superado. A economia, tanto a interna quanto a externa, ainda que de forma lenta, apresentará uma melhora gradual no decorrer dos próximos anos, em resposta às medidas de política econômica adotadas por diversos governos. Essas afirmações compõem a primeira Carta de Conjuntura de 2009, apresentada nesta quarta-feira (25) pelo pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Roberto Messenberg.

A previsão do instituto para a economia brasileira em 2009 é positiva. O Produto Interno Bruto (PIB) deverá encerrar este ano com um crescimento acumulado em torno de 2%. Este resultado é reflexo de uma trajetória de recuperação ao longo do ano, em que o PIB cresceria a taxas mais expressivas a partir do segundo semestre. Para o PIB crescer em termos reais 2%, espera-se as seguintes taxas de crescimento trimestrais ao longo de 2009: 0,2%, 1,6%, 2,5% e 3,1%.

A taxa de inflação medida pelo índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deverá se situar no intervalo 3,7% a 4,7%, podendo ficar ligeiramente abaixo da meta de 4,5%, definida pelo Conselho Monetário Nacional.

“Acreditamos que a inflação não será um problema em 2009”, afirmou Roberto. Um fator que segundo ele poderia pressionar os preços está associado à depreciação ocorrida na taxa de câmbio, a partir de outubro de 2008. “Este efeito, contudo, deverá ser amortecido pela queda dos preços internacionais. Além disso, em momentos de baixa demanda, o repasse torna-se menor”, acrescentou o especialista.

Roberto explica que essas projeções otimistas para 2009 estão baseadas no aumento dos investimentos das obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC); lançamento do Programa Habitacional do governo; efeitos da política monetária de redução da taxa de juros básica da economia, com ampliação do crédito e redução de suas taxas ‘na ponta’.

Também são levadas em conta o aumento real significativo do salário mínimo, que começou a ser pago no início do mês de março e que amplia o valor dos benefícios previdenciários; as mais de 1,3 milhão de famílias beneficiadas no programa Bolsa-Família; ampliação de créditos direcionados, especialmente concedidos pelas instituições financeiras públicas; e por fim, o consumo da administração pública deverá manter um bom desempenho.

Avaliação 2008

Durante a apresentação da Carta de Conjuntura, Roberto Messenberg fez uma avaliação do último trimestre de 2008. Segundo ele, nesse período, houve uma queda de 3,6% do PIB ante o trimestre anterior. Pelo lado da oferta, todos os setores refletiram o mau resultado nesses últimos meses do ano passado.

O pior desempenho ficou por conta da indústria, que recuou 2,1% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Tal resultado pode ser explicado pela retração anual de 4,9% da indústria de transformação, influenciada, por sua vez, pela queda na produção de bens duráveis.

O setor de serviços registrou crescimento de 2,5% na comparação entre o quarto trimestre de 2008 e o mesmo período do ano anterior. Já no acumulado do ano, o segmento cresceu 4,8%, resultado inferior aos 5,4% alcançados em 2007. Os segmentos que mais sentiram os efeitos da crise foram: comércio, transporte, armazenagem e correio, e intermediação financeira e seguros.

Ainda segundo informações do Ipea, houve uma forte desaceleração da demanda das famílias, cuja queda de 2% pode ser explicada basicamente por dois fatores: aumento das restrições ao crédito e queda do nível de confiança dos consumidores. Já a escassez ao crédito está associada a um aumento de aversão ao risco por parte dos agentes financeiros. "Em momentos de crise, ocorre naturalmente uma elevação do spread bancário, tornando o crédito mais caro e mais seletivo", disse Messenberg. Além disso, os prazos de financiamento ficaram mais curtos, dificultando ainda mais a aquisição de bens de consumo duráveis.

Crédito e emprego

Após o recuo das concessões de crédito para pessoa física no último trimestre de 2008, os resultados divulgados pelo Banco Central mostram, no entanto, que houve recuperação a partir de janeiro, o que melhora as perspectivas para o desempenho do consumo no decorrer do ano. Além disso, o movimento de flexibilização da política monetária iniciado em janeiro deste ano, ao favorecer o barateamento e a expansão do crédito, também deve influenciar positivamente a trajetória do consumo, em especial, no segundo semestre do ano.
A crise financeira internacional também refletiu na dinâmica do mercado de trabalho dos brasileiros. Enquanto em outubro de 2007 foram criados 205.260 novos postos, em 2008, para igual mês, esse número foi de apenas 61.401. Em fevereiro deste ano, após três meses de resultados negativos, o saldo de empregos formais voltou a ser positivo, sendo criados 9.179 empregos com carteira assinada, o que pode ser um primeiro sinal de recuperação.

Serviço:
Agência Sebrae de Notícias - (61) 3348-7138 e 2107-9362 www.agenciasebrae.com.br


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