28 de mar. de 2009

Embrapa leva tecnologia e pesquisa brasileira para 35 países africanos

Foco da empresa brasileira em África é a transferência de tecnologia e do conhecimento para a sustentabilidade da produção agropecuária, florestal e de agroenergia...

Em maio deste ano, quatro países africanos (Benin, Burquina Faso, Mali e Chade) vão colocar em prática o Cotton-4 (C4), programa de fortalecimento do sistema produtivo da cultura do algodão, principal fonte de renda dos agricultores desses quatro países. Com aval tecnológico da Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, uma unidade de validação e demonstração de experimentos será instalada em Sotuba, no Mali.

O Cotton-4 é um exemplo de projeto estruturante em execução no continente africano, com suporte técnico da Embrapa. Em Angola, há outro exemplo: a estruturação de uma empresa nos moldes da Embrapa, com financiamento do governo do país, que se encontra em andamento. Por projeto estruturante entendem-se aqueles que dão retorno a prazos mais longos, são mais duradouros e mais permanentes.

Essa explicação é do pesquisador da Assessoria de Relações Internacionais da empresa, Antônio Carlos do Prado. Em entrevista ao Portugal Digital, ele afirma que a Embrapa também atua na África com projetos de resultados mais imediatos, em áreas como a de capacitação técnica, com bons resultados. A Embrapa mantém um escritório em Gana, com três pesquisadores.

Empresa atua em função da demanda
Atualmente a Embrapa tem projetos em 35 países africanos, em dez dos quais em fase de execução. "O foco da ação da Embrapa na África é a transferência de tecnologias e difusão do conhecimento para o desenvolvimento sustentável da produção agropecuária, florestal e de agroenergia", afirma Antônio Carlos do Prado. Ele também explica que todo o trabalho desenvolvido pela empresa no continente africano atende a demanda dos países, que indicam as áreas nas quais eles mais necessitam de cooperação.

Segundo ele, são seis prioridades: fortalecimento e reestruturação de instituições de pesquisa agrícola, inclusive com capacitação em procedimentos laboratoriais; transferência de tecnologias agrícolas e pecuárias viáveis que respondam ao ambiente agroecológico da África para redução do risco alimentar, e para desenvolvimento da agroenergia; aplicação de instrumentos e tecnologias de geoprocessamento, zoneamento agroclimático, e outros (biotecnologia e recursos genéticos) desenvolvidos pela Embrapa; manejo conservacionista de solos/agricultura de conservação; parcerias no estabelecimento e manutenção de campos de demonstração e testes de validação em países africanos; e fornecimento de tecnologias e assistência em parcerias com o agronegócio brasileiro que investe na agropecuária africana.

Os principais produtos e processos agroindustriais são mandioca, arroz, milho, algodão, hortaliças, caju, castanha de caju, dendê, soja, fruticultura tropical, cana/álcool, pastagens, bovinocultura, caprinocultura, ovinocultura (corte e leite) e plantios florestais.

De acordo com o pesquisador Antônio Carlos do Prado, os países abaixo do Saara necessitam de grande aporte de conhecimento. Ele lembra que muitas nações africanas tiveram no passado posição de destaque como produtores de determinadas culturas, como Angola, que já foi o quarto produtor mundial de café, e que hoje luta para recuperar essa posição, perdida em resultado dos conflitos no país.

Mali vai sediar campos experimentais de algodão

O plantio das lavouras experimentais de algodão ocorrerá a partir de maio - nos quatro países o ano agrícola se dá entre maio e outubro -, numa área do Centre Regional de Recherche Agronomique de Sotuba (CRRA, ou Centro Regional de Pesquisa Agronómica), localizado a oito quilômetros de Bamako, capital do Mali. Atualmente a instituição ocupa cerca de 40 hectares com experimentos nas culturas de algodão, milho e sorgo.

"Os pesquisadores da Embrapa vão disponibilizar variedades algodoeiras de alto rendimento, pois as cultivadas naquelas terras não produzem mais do que 400 quilos por hectare. Outra atividade do projeto, que conta com recursos da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE), vai tratar de um dos piores problemas enfrentados pelos conicultores: a degradação do solo. Além disso, há riscos climáticos devido à diminuição das chuvas e dificuldades no controle de pragas e manejo não adequado do solo", informa a Embrapa, por meio de sua assessoria de comunicação.

Segundo José Madeira, da assessoria de Relações Internacionais (ARI) da empresa, a qualidade do algodão do C4 deixa a desejar devido ao manejo manual na maioria das lavouras. Ele explica: "Não queremos mudar o sistema de produção dos agricultores do Cotton4, mas sim possibilitar que se torne produtivo. Por isso se pretende acompanhá-los, entendê-los".

Para entender como atuam os agricultores do C4 os técnicos da ABC e pesquisadores da Embrapa conheceram as instalações do CRRA, visitaram lavouras na região do Mali, ouviram os produtores filiados a cooperativas e discutiram o desenvolvimento das atividades, que segue uma nova estrutura para projetos da ABC, destinados a fortalecer as ações de cooperação técnica no eixo Sul-Sul.

Para consolidar as ações, o ministro da Agricultura do Mali, Tiémoko Sangaré, formalizou a parceria com a Embrapa e ABC, assinando documento para utilização da área do Centre Regional de Recherche Agronomique de Sotuba (CRRA).

Fonte: Portugal Digital


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