15 de abr. de 2009

Giulite Coutinho - Um herói do Comércio Exterior brasileiro!

ANTONIO DELFIM NETTO

Giulite, um fidalgo

EU O VEJO, sem medo de exagerar, como um herói nacional, um dos autênticos que se engajaram nos anos 60 e 70 do século passado na árdua aventura de abrir mercados para as exportações brasileiras. Especialmente para os produtos da indústria que tinham dificuldade de disputar os mercados externos.
Não muitas pessoas devem lembrar-se do grau de indigência do nosso comércio exterior na década de 60, quando Giulite Coutinho (nascido na Zona da Mata mineira) e um pequeno grupo de empresários da Guanabara, de São Paulo e de Minas criaram a Associação dos Exportadores Brasileiros (AEB) para se engajarem no esforço exportador que o governo vinha estimulando fortemente.
Com a taxa de crescimento do PIB se aproximando dos 10% anuais, estimava-se que o volume das exportações precisasse crescer no mínimo 15% para afastar a inevitável crise de financiamento externo que tantas vezes se repetira em nossa história. O governo vinha fazendo a sua parte.
O esforço decisivo, como tinha de ser, era na cooptação do espírito animal dos empresários. Eles acreditaram. Confiaram nas políticas do governo. Arriscaram seus patrimônios. E foram brigar na Europa, nos EUA, na Ásia, no Oriente árabe e na África, deslocando a concorrência e realizando seus lucros. Foram muitos, mas hoje vou reuni-los todos nesta homenagem a um dos maiores, que nos deixou no sábado, 4 de abril.
Giulite Coutinho a merece porque foi um empresário competente e líder combativo, que comandou batalhas decisivas para firmar a mentalidade exportadora no setor produtivo brasileiro. Chefiou a primeira delegação de empresários brasileiros à República Popular da China, em 1972, quando ainda não tínhamos restabelecido as relações diplomáticas com o regime comunista. Na sequência, presidiu a missão que convidou oficialmente autoridades chinesas a visitarem o Brasil em 1974, um passo importante para o reatamento pleno das relações entre os dois países.
Por onde esteve conquistou amigos: era um cultivador de amizades! Nos anos 80, um importante diplomata nos disse que Giulite era conhecido no seu país como "o Marco Pólo brasileiro".
Dedicou-se intensamente à sua outra paixão, o esporte, tendo presidido a Confederação Brasileira de Futebol. Não acompanhei de perto sua trajetória nos meios esportivos, mas guardei a expressão utilizada por um famoso jogador da seleção brasileira, nos tempos em que Giulite comandava a CBF, que simplificou as coisas dizendo: "Ele é um fidalgo".
Existem poucos fidalgos hoje em dia. O meu amigo Giulite foi um deles.
fonte: Folha de São Paulo


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