10 de mar. de 2009

Semana útil mais curta vira alternativa

Com os orçamentos reduzidos e a economia global seguindo com as contratações, algumas empresas não têm outra escolha além de reduzir as despesas da folha de pagamentos. Isso quase que inevitavelmente significa demissões, mas alguns gerentes estão tentando uma alternativa: transferir algumas pessoas para turnos semanais de 24 horas.

Um exemplo em questão é o do Vera Institute of Justice, um centro policial com sede em Nova York, que recentemente reduziu a semana útil de cinco dos 130 funcionários em tempo integral para três dias. Isso ocorreu depois que uma das maiores fontes de financiamento do grupo, a JEHT Foundation, perdeu dinheiro investindo no fundo de Bernard L Madoff.

Valerie Christopher, de 52 anos, uma gerente de rede do Vera Institute, é uma das funcionárias que agora trabalham três dias da semana, o que resultou numa redução de 40% do seu salário. Ela inscreveu-se num programa de Nova York que permite aos funcionários receberem os benefícios do seguro-desemprego para ajudar a compensar pelo salário reduzido.

Para um funcionário se qualificar ao programa, o empregador deve reduzir as horas de trabalho de 20% a 60% e não deve diminuir os benefícios. O número de funcionários que participa do programa aumentou para 462 no ano passado, ante 291 em 2007.

Fora a dificuldade econômica, diz Valerie, a semana útil de três dias tem desorientado. "Ainda não encontrei meu ritmo de trabalho", diz. "É difícil se acostumar com o fato de que não se pode sempre terminar o trabalho amanhã, porque minha semana de trabalho inclui as segundas, quartas e quintas-feiras". Mesmo assim, ela diz que a semana útil de três dias, mesmo com seus ritmos não-convencionais, é muito melhor do que a demissão.

Ernest L. Duncan, diretor de operações do Vera Institute, garante que o grupo optou pela semana de três dias em vez das demissões para sinalizar compromisso com seu capital humano. "Nossa atividade depende das pessoas, e sem elas realmente não temos nada a oferecer", diz Duncan. "Além disso, foi formatada por um entendimento de que esse declínio terminará e nós queremos estar em melhor situação no futuro, quando a economia se recuperar e precisaremos da equipe completa".

A Sigma, uma agência de publicidade com sede em Oradell, New Jersey, reduziu a semana de parte de seus funcionários para 24 horas, que eles trabalham durante quatro dias mais curtos. "O número das horas totais trabalhadas, em oposição ao número de dias, pode ser muito importante", diz Patricia Paris, gerente de recursos humanos da Sigma.

A semana útil de 24 horas contra a de 32 horas não chega a ser um assunto de discussão - elas são universos de trabalho diferentes, que significam flexibilidade para alguns e incerteza para outros. Debbie Yorke, 46 anos, especialista em RH da Sigma, diz que a semana útil de 24 horas é ideal para ela porque não necessita de seguro-saúde (ela o recebe por meio de seu marido) e o programa lhe dá mais tempo para passar com suas filhas que estão no curso primário.

Alexandra Levit, especialista no ambiente de trabalho e autora de "How‘d You Score That Gig?", disse que ouviu de outras mulheres que também aceitaram, de bom grado, a opção de uma semana útil de três dias como uma forma de permanecerem empregadas e de terem mais tempo para passar em casa com seus filhos.

Mas, para uma família que tem só uma fonte de renda, essa pode ser uma história bem diferente. Valerie, que é solteira e não tem filhos, diz que enquanto a maioria dos cinco funcionários do Instituto Vera estão aceitando a semana de três dias normalmente, é muito preocupante para uma mãe solteira sustentar uma família com o salário reduzido.

Em outras empresas, Nancy Hoffman, associada de desenvolvimento sênior do House Ear Institut, uma organização com sede em Los Angeles que promove a ciência da audição, recentemente saiu de uma semana de quatro dias para uma de três dias e está preocupada com a perda de renda. "Pensei que isso seria útil para a verba do meu departamento e aceitei o corte salarial de 40%, mas a realidade desse corte salarial é bem pior do que imaginei", disse Nancy, que é divorciada e tem dois filhos crescidos. "Estou recorrendo ao dinheiro que guardei para a aposentadoria." O ponto positivo, ela diz, é que seus benefícios não foram reduzidos.

(Gazeta Mercantil/Caderno D - Pág. 7)(Hannah Seligson The New York Times)



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